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4/11/2014

RAY CUNHA


Lançamento concorrido de biografia de ARTHUR VIRGÍLIO FILHO na Câmara, é cheio de significados eleitorais



Arthur Virgílio Neto chora ao lembrar que a casa do seu pai foi invadida e que a família teve que cantar o Hino Nacional para provar que não era comunista

BRASÍLIA – O lançamento, terça-feira 8, no Salão Nobre da Câmara, do perfil parlamentar do amazonense Arthur Virgílio Filho (Câmara dos Deputados, Série Perfis Parlamentares, 2001, 374 páginas), organizado pelo jornalista Mário Adolfo, dois prêmios Esso e diretor de redação do jornal Amazonas Em Tempo, foi cheio de significados eleitorais. Em tom ambíguo, o prefeito de Manaus, tucano Arthur Virgílio Neto, chamou o senador Aécio Neves (PSDB/MG), pré-candidato à presidência da República, presente ao evento, de “presidente”, dando a entender que tanto poderia ser do PSDB quanto pode ser da República.
A deputada Rebecca Garcia (PP/AM), pré-candidata ao governo do Amazonas, requerente do evento e que fez as honras a Arthur Virgílio Neto, confirmou a este repórter que as negociações para compor com o PSDB “estão bem encaminhadas”, e informou que se reuniu com Aécio Neves na semana passada para tratar do assunto. Rebecca deverá receber apoio do PSDB e fazer palanque para Aécio Neves, que já conta com o prefeito Arthur Virgílio Neto, principal cabo eleitoral do senador na Amazônia, juntamente com o governador do Pará, Simão Jatene, e o prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, também tucanos, além do deputado federal e primeiro secretário da mesa diretora da Câmara, Márcio Bittar (PSDB), bem avaliado nas pesquisas para governador do Acre.
Pesquisa de opinião informal dá conta de que Rebbeca Garcia conta com grande demanda da juventude, especialmente estudantes, e do eleitorado feminino, além dos setores que aspiram por mudanças profundas no estado, tanto na política, mudando o toma lá dá cá, quanto na economia. Em caso de eleger-se, Rebecca pretende passar o desenvolvimento da Zona Franca de Manaus para uma segunda fase, saneando Manaus, que é para onde os ribeirinhos migram e vão morar sobre esgoto a céu aberto nas favelas da capital. Também pretende levar ensino técnico prático a todo o interior do estado.
Voltando ao livro, a bancada do PSDB no Congresso Nacional compareceu em peso ao evento, bem como senadores e deputados de outros partidos, como, por exemplo, o senador Eduardo Braga, do PMDB amazonense, líder de Dilma Rousseff no Senado e pré-candidato ao governo do Amazonas.
Antecedido por Arthur Bisneto, Mário Adolfo e Almino Affonso, que conviveu no Congresso Nacional com Arthur Virgílio Filho durante o governo João Goulart e o Golpe de 1964, Arthur Virgílio Neto fez um discurso emocionado, a ponto de chorar, ao lembrar a invasão da sua casa, no Rio de Janeiro. “Lembro que ele (Arthur Virgílio Filho) foi cassado pelo regime militar e tivemos nossa casa invadida; nos obrigaram a cantar o Hino Nacional para provarmos que não éramos comunista. Tudo porque meu pai defendia a democracia.”
Ao mencionar que não guarda mágoa dos anos de chumbo e que as Forças Armadas são hoje as guardiãs da democracia, Arthur Virgílio Neto destacou que “o atual governo está falido, o Brasil atravessa um momento delicado e só resiste porque tem instituições fortes”.
O pai do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Filho, foi um dos mais destacados políticos do Amazonas, além de advogado e jornalista. Nascido em Manaus, em 12 de fevereiro de 1921, em 1947, foi eleito deputado estadual pelo PSD; deputado federal em 1958; e senador em 1962. Foi cassado em 1969, com os direitos políticos suspensos por dez anos. Com a criação do bipartidarismo pelos militares, filiou-se ao MDB.
Além da sua mensagem democrática, deixou legado cultural permanente. Projeto de lei de sua iniciativa transformou a Universidade Livre de Manaus – primeira instituição de ensino superior do país – na Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Morreu duas vezes: em 31 de março de 1964 e em 31 de março de 1987, no Rio de Janeiro. O corpo de Arthur Virgílio Filho foi sepultado em Manaus.

    

 RAY CUNHA – Escritor e Jornalista baseado em Brasília-DF, Brasil

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