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8/03/2012

JOSÉ MARIA DA LUZ



 

Povão também tem suas histórias


(Estas se passaram em Icoaraci, Distrito de Belém)

O “repente” de D. Augusta: Ela andava muito triste porque o Cutelo, clube em que era a presidente, não estava ganhando nada. Só fazia perder, e de goleadas, para seus adversários. O pior é sua venda de vísceras no canto da Viração — terceira rua com Cristóvão Colombo — estava mole, não dando assim nem para D. Augusta arrumar uns trocados a mais para ajudar o seu Cutelo querido. Um belo dia, ela vem caminhando cabisbaixa pela Cristovao Colombo tentando alcançar o então Ambulatório do Dr. Tourinho, onde sempre costumava ir. Ao chegar em frente a Casa Batista, ela encontra com o Monsenhor José Maria Azevedo, numa daquelas suas caminhadas diárias que fazia para visitar as pessoas enfêrmas na Vila. Monsenhor vendo D. Augusta triste daquela jeito, passou-lhe as mãos pelos cabelos e disse: “D. Augusta, o que é que está havendo, porque a senhora anda tão triste?”. Ela então levantou a vista e respondeu com todo aquele seu “repente” característico: Ah! Monsenhor é o Cutelo que está fu ...

Uma mentira de Agostinhão: ele resolveu fazer uma viagem para conhecer outras terras. Pegou uma carona num navio de turistas. Depois de muitas dias de viagem, quando ele se espantou, estava no pólo norte, sozinho. Ou melhor, ele, Deus e um velho rifle nos tempos da 2 Guerra Mundial e que só continha três balas. Após caminhar quilômetros e quilômetros, eis que Agostinhão depara com um grande urso branco. Não pensou duas vezes, acionou o gatilho e o urso “pimba”, caiu mortinho. Quando ele estava tirando a pele para se aquecer, eis que aparece ouro urso, maior que o primeiro. Como estava com a mão direita ocupda, levantou o rifle só com o braço esquerdo, acionou e o urso “pimba”, caí sem um gemido sequer. Ja protegido do frio com a pele do primeiro animal e tirando a pela do outro, Agostinhão levanta os olhos e ver dois ursos se aproximando de uma só vez, novamente um branco na frente um pardo logo atrás. Só com uma bala no velho rifle, que fez ele: fica de pé, mira bem no meio do peito do urso da frente e atira. A bala atravessa o animal, atravesa o urso pardo que vinha atrás e ainda vai apanhar, entrando pela cabeça, uma pobre mamãe ursa que dava de mamar ao filhote atrás de uma pedra de gelo. Sorte do filhote que já mamava, pois se ainda estivesse na barriga da mãe a bala certamente o atravessaria, também...

O azar do Fuluca: O maior sonho do Fuluca era poder ir para o trabalho no trem que fazia linha para Icoaraci antigamente. Acontece que o trem saia às 5 horas da manhã e o Fuluca sempre chegava atrasado, sendo obrigado então a ir para o trabalho de ônibus. Um certo sábado, véspera do Círio de Nazaré ele chegou com a mulher e disse: “Preta, amanhã esse trem não me escapa. Eu vou assistir o Círio de Nossa Senhora, viajando nele, inclusive já resolvi até dormir na estação para não perder o bicho’. E assim ele fez. Uma certa hora da noite daquele sabado, o homem se mandou para estação. Ao chegar no local, ele viu que o trem já estava estacionado. Ressõlveu então dormir no vagão de bagagens pois dessa maneira, pensou, não perderia o mesmo de jeito nenhum, e seu velho sonho finalmente se tormaria realidade. Só que Fuluca não sabia que, no dia do Círio, o trem não levava o vagão de bagagens...

Uma “Antológica” de D.Augusta: Um grande amigo de D. Augusta, conhecido por “Brasil”, apareceu morto no Pontão do Cruzeiro. Ele ajudava muito ela em sua venda de vísceras, limpando bucho,cortando mocotó, fazendo a limpeza do talho, levando as encomendas aos clientes, enfim, era um dos seus braços direitos.D. Augusta sentindo muito a sua morte e sabendo que ele não tinha nenhum parente por aqui, resolveu fazer o velório do amigo em sua própria casa. Providenciou tudo, com ajuda de outro amigo e também bom ajudante chamado “Maria Gorda”‘. Conversa vai, conversa vem, a certa altura da noite ficaram só os dois, ela e o “Maria Gorda”, fazendo o velório. De repente D. Augusta selembrou de apanhar algo no seu talho, deixando o morto nas mâos do “Maria Gorda”. Este - que ao invés de café - havia tomado as suas costumeiras pingas, nem reparou que o vento que entrara pela janela tinha descoberto o corpo do defunto. Quando D. Augusta voltou, foi logo primeira coisa que viu. Muito possessa, perguntou ao “Maria Gorda”, com aquela sua voz cortante. “Maria Gorda quem foi que descobriu o “Brasil”? No que “Maria Gorda”, doidão e sonolento, respondeu: “Eu acho que foi o Pedro Álvares Cabral”. E D. Augusta então fulminou:Quer saber de uma coisa “Maria Gorda”. Vai tu, este Pedro que falastes aí e o “Brasi”, tudo pra p...q.. .p...

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Escritor e jornalista icoaraciense

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