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7/02/2011

Rufino Almeida



O Paredão da Academia Paraense de Letras

Caros Amigos.Não que eu tenha bola de cristal, mas sim, mais de 40 anos de estrada literária me deram esta visão realista.

Não falei do preconceito, mas há uma forte dose desse sentimento desumano nas confrarias de elite.

Imagine o Juraci,  Um Popular caboclo do mato assimido, vestir um fardão da mais importante caso de cultura do Pará?
Por certo há quem queira me contestar, citando Bruno de Menezes e Rodrigue Pinagé.
Eu respondo: eram outros tempos.
Um abraço a todos os que concordem ou não comigo.
 Desejo que o vencedor Ubiratan Aguiar, tenha um feliz desempenho. - R.A
 

A eleição para ocupar a Cadeira 32 da Academia Paraense de Letras, tem três candidatos: - Ubiratan de Aguiar (eleito) , 82 anos (Jornalista, um livro publicado), Milton Camargo, 68, (Escritor, 20 livros publicados e (Antônio Juraci Siqueira, 63, (Professor, Filósofo, Escritor, poeta e trovador com mais de 80 obras publicadas). São três respeitáveis nomes que juntos poderiam contribuir muito com a cultura literária do Pará, já que há quatro cadeiras vazias. Entretanto, por falta de consenso e humildade dos candidatos, o pleito que se aproxima, virou um caso de vida ou morte. Guardadas as devidas proporções de audiência e repercussão, parece um verdadeiro paredão do Big Brother Brasil. Será uma eleição com carta marcada por conta do compromisso que a maioria dos eleitores firmou com Ubiratan de Aguiar, candidato derrotado por Sarah Castelo Branco, apoiada pelo saudoso Alonso Rocha, na última eleição. E, por tabela, dar-se-á a eliminação definitiva de Antônio Juraci Siqueira que só concorre nesta eleição. Jurandir Bezerra declarou que conhecia apenas algumas trovas de Juraci Siqueira, através do Poeta Alonso Rocha, seu fiel hóspede quando ia ao Rio de Janeiro. Após ler o Livro Marés, enfatizou que a referida obra era para ser lida e estudada pelos estudiosos da cultura Amazônica.

Poeta e Escritor Juraci Siqueira (Foto)

É incrível e incompreensível como a maioria dos eleitores quando instados a comparar as obras dos candidatos, são categóricos: sem dúvida, o Juraci é disparado o melhor, mas por questão de afinidade vou votar no Ubiratan.  Um dos eleitores foi enfático: as eleições nas academias sempre foram assim e ninguém vai mudar o mundo. Tal declaração é ridícula, mas real. Ao contrário do eleitor comum que não sabe votar porque não sabe o que quer, o eleitor acadêmico é, sem sombra de dúvida, muito consciente do que é melhor. Se não para a Academia, mas sim, para o seu ego em particular. Desta forma, ninguém de fora da confraria acadêmica será capaz de influenciar mudanças de votos. O certo é que, o Príncipe dos Poetas Alonso Rocha, não era tão querido como a maioria dos seus pares tentava demonstrar. Isso ficou claro durante a mobilização da ala jovem que tentou formar uma chapa onde só lhe cabia um cargo inferior e nunca o de presidente. Graças à habilidade e prestígio do Professor Edson Franco então presidente, primo do poeta, houve um final feliz onde Alonso encabeçou a chapa pela qual foi eleito presidente. Mesmo que Alonso Rocha tivesse deixado escrito com firma reconhecida em cartório, seu desejo de que Juraci o substituísse na cadeira 32, não seria atendido, porque ninguém é obrigado a ser fiel à memória de quem não pode mais defender seus ideais pós morte.
Afinal, o que é mais importante o invólucro ou o conteúdo?         
Entendamos o porquê da eleição de Ubiratan e a rejeição de Juraci Siqueira. Juraci fazia parte de um grupo de intelectuais que apesar de manter laços de respeito às Academias de Letras, nunca alimentou a vaidade de conquistar a imortalidade pela via acadêmica. Para ficar só entre os paraenses, desse naipe fazem parte Paulo Maranhão, Rui Barata, Max Martins e João de Jesus Paes Loureiro. A consolidação da amizade de Juraci com Alonso Rocha e a família Bruno de Menezes, assim como as constantes participações em eventos na A.P.L. ensejaram a oportunidade para o Príncipe dos Poetas Alonso Rocha declarar o desejo de que Juraci Siqueira ocupasse sua cadeira quando ele não estivesse mais entre nós. Embora Juraci não tenha lhe prometido, resolveu após o falecimento de Alonso Rocha, enfrentar esse desafio por fidelidade à memória do amigo, assim como para atender ao desejo das duas famílias. A Academia Paraense de Letras é o templo para preservar, incentivar e cultuar a inteligência literária do povo paraense. Seu modelo foi inspirado na Academia brasileira de Letras, fundada em 20 de julho de 1897, tendo à frente Machado de Assis, seu patrono e primeiro presidente.  Não havendo escritores suficientes para ocupar todas as cadeiras, foram convidadas pessoas que se identificavam com a literatura, contribuindo de alguma forma com o desenvolvimento do recém fundadoSilogeu. Entre os convidados havia jornalistas e amantes das artes em geral. Os jornalistas com certeza tiveram um papel fundamental no processo de divulgação, reconhecimento e valorização da memória histórica das letras, através da casa dos imortais da Literatura Brasileira. A permissividade que marcou o início da ABL se proliferou para as academias municipais e estaduais, sendo hoje uma prática natural eleger nomes de destaques dos setores político, social e econômico, em detrimento de grandes expressões da literatura. A mais recente injustiça que causou muita indignação ao mundo literário foi a eleição do Jornalista Merval Pereira na ABL, em detrimento do escritor Antônio Torres, lido e respeitado na Itália, Argentina, México, Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Portugal, Bélgica, Holanda, Israel, Bulgária, entre outros. Em 1999 o governo francês lhe conferiu a Antônio Torres, o título de Cavaleiro das Artes e das Letras. Ora, se a ABL dá um péssimo exemplo desses ignorando um escritor desse quilate, o que podemos esperar das outras Academias?
               Mas voltemos à APL. Li com atenção a carta de Pierre Beltrand em O Liberal 15/05/2011. O pleiteante à cadeira 32 foi humilde, polido, deixando nas entrelinhas que não está acima dos seus concorrentes, mas foi profundamente pessimista.  Caro confrade, o fato de você ter essa idade não significa que esteja morrendo. Se você tiver fé e continuar persistente poderá ser eleito na próxima eleição na vaga do Jornalista Hélio da Mota Gueiros, por exemplo. Assim sendo, você desfrutaria do privilegiado convívio com uma das figuras humanas mais fantásticas que há no mundo literário paraense. (Antônio Juraci Siqueira). “Só os ignorantes não mudam de opinião”. – Rui Barbosa. Juraci Siqueira mudou de opinião e se candidatou à cadeira 32. Parabéns! O Poeta João Belém retirou sua candidatura em favor da Academia. Parabéns! Cada vez que surge um fato novo é humano e democrático mudarmos de opinião. O fato novo é a candidatura de Juraci Siqueira à cadeira 32, uma única vez. Portanto, caro Beltrand, se você mudar de opinião não terá só os meus aplausos, mas sim, de todos os literatos que desejam ver vocês juntos trabalhando pela causa da literatura do Pará. “Muitas vezes quando a vontade fala, a inteligência cala”. Arthur Schopenhauer. Espero que a vontade da maioria dos eleitores comprometida com o hoje, não cale a inteligência do amanhã da Academia Paraense de Letras.
Foi eleito para APL o Colunista Social de O Liberal o Sr. Ubiratan Aguiar conhecido como Pierre Beltrand

Belém, PA, 20 de junho de 2011.

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