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9/04/2009

Um Lugar Vazio - Mais Um...



Alto, meio que desengonçado, gago e extremamente míope, Raimundo José Pinto tinha tudo para ser um perdedor.

Afinal, nesta sociedade em que vivemos as oportunidades são quase sempre definidas pela aparência - e só.

Mas Raimundo parece ter nascido sob o signo da vitória: fez-se um grande jornalista. Um repórter de primeira linha, não só do Pará, mas, do Brasil.

Contrariou todas as expectativas, armado, apenas, com o brilho de uma inteligência, que se realizava na caneta e no papel.

Na noite de ontem, no entanto, Raimundo Pinto, o “Pintão”, como era mais conhecido, perdeu a mais devastadora batalha de sua vida.

A morte o alcançou através de um câncer, que o consumiu ao longo de meses, anos.

Raimundo perdeu a batalha que todos perderemos, um dia, para essa “inexorável senhora” que nos alcança por todos os meios, um pouco, todos os dias.

Ele se vai, certamente, para melhor. Para um lugar sem dores, nem sofrimento. Para a fonte de luz de onde viemos. E, assim como nós, todo o Universo.

Deixa um lugar vazio, no jornalismo do Pará e do Brasil. Deixa um lugar vazio nas lutas pela Amazônia e pela preservação ambiental.

Deixa um lugar vazio, também, na luta pela Democracia – eis que sem informação, a liberdade de saber, pensar, ser e expressar, não há como falar em igualdade de direitos.

O Jornalismo, a responsabilidade social imensa que carrega, alcançou em Raimundo um patamar que deveria ser buscado, todos os dias, tanto pelos “focas”, quanto pelos “dinossauros” dessa profissão.

Ele e Juvêncio, cada qual ao seu modo, fazem uma falta danada nas parcas e maltrapilhas fileiras daqueles que lutam pela liberdade de informação.




●● Transcrito do Blog do Vic.



Quem era Raimundo José Faria Pinto
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Raimundo José Pinto - chamado carinhosamente de “Pintão”, era natural de Santarém, e jornalista com 35 anos de experiência. Começou a trabalhar como repórter em 1971, no jornal “A Província do Pará”. Foi correspondente em Belém dos jornais “O Estado de S. Paulo” e “Jornal da Tarde” por 18 anos, de 1975 a 1993, e da revista “Visão” por seis anos, a partir de 1978. Atuou também como repórter do jornal “O Liberal” em 1976 e repórter e editor do extinto jornal “O Estado do Pará” de 1977 a 1980. Foi ainda editor do jornal alternativo “Bandeira 3” e de “O Jornalista”, órgão de divulgação do Sindicato dos Jornalistas do Pará, por cerca de dez anos, de onde foi presidente por dois mandatos.Repórter e editor do jornal “Gazeta Mercantil” de 1996 a 2004 e assessor de imprensa da Embrapa de 1981 a 1989 e do Governo do Pará de 1995 a 1996 e de 2003 a 2004. É autor do livro “Repórter”, editado em 1995, e co-autor dos livros: “Panará – a volta dos índios gigantes”, de 1997, editado pelo Instituto Socioambiental; e “O Novo Brasil”, editado em 2002 pela Editora Nobel. Ganhou o Prêmio Esso de 1976 pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e Menção Honrosa do Prêmio Esso de 1977 pela série de reportagem “Amazônia, a ocupação ilegal”, no mesmo jornal. E Prêmio Aimex de Jornalismo em 2003, 2004 e 2005. Atuava como consultor e escrevia matérias especiais para vários órgãos de comunicação, tanto de Belém como de outras praças. Era editor do site “Para Negócios, onde tratava de economia, política e meio ambiente
“...um profissional de competência, experiência e probidade inquestionáveis, que é também uma pessoa da melhor qualidade. Para além dos seus méritos profissionais, Raimundo José é também um paradigma de pessoa visceralmente boa, incapaz de um gesto torpe, permanentemente preocupado em ser leal e justo. Dele se pode discordar, mas jamais imaginá-lo movido por qualquer propósito escuso”, de acordo com Augusto Barata.


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Perdi um amigo - AF

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