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2/25/2009

José Wilson Malheiros


AS CULPAS DO CARNAVAL

O Carnaval acabou. Saudade imensa dos carnavais da minha juventude, quando eu ainda tocava saxofone, gostava de pular nos salões e as marchinhas de duplo sentido eram inocentemente cantadas, quando os blocos de sujo andavam pelas ruas vestidos de “mascarado fobó” e meu pai comprava máscaras para nós ali no Café Chic, em Santarém.
Sem saudosismos, o Carnaval autêntico de hoje é um ato de resistência contra a indústria das escolas de samba, dos abadás e coisas do gênero. É um ato de heroismo em favor da espontaneidade e do verdadeiro Momo.
A propaganda das agências de viagem é que todo brasileiro gosta de carnaval, pois tem alegria, tem colorido, tem mulata, bunda, peito, sexo, cerveja, turista, dinheiro, praia, e principalmente um longo feriado.
Mas, gostar de Carnaval, ao contrário dos arautos do apocalípse, não é o caldeirão do inferno.
Refiro-me àquela brincadeira em família reunida, fantasiada, curtindo-se mutuamente o que, digo logo, é uma raridade hoje em dia.
O filósofo alemão Nietzsche fala sobre a importância do fútil, do frívolo e do inútil, principalmente em uma sociedade cuja a preocupação fundamental é com o trabalho e com o ganha pão.
Ora, se não fossem o fútil, o frívolo e o inútil, aí sim, nossa vida seria uma chatice sem tamanho, pois quem quer viver só para trabalhar? Quanto ao resto das críticas ao carnaval é realmente de se questionar se é válido sentir culpa por ousar gostar da festa.
Se você brincou carnaval de maneira sadia, com sua família, com seus amigos, para esquecer, um pouco, as agruras da vida, não sinta complexo de culpa.
Não caia na armadilha daqueles que querem te impor, para te dominar, um sentimento de culpa que em realidade você nem está sentindo.
Minha avó dizia que “um triste santo, é um santo triste”. Não acredite em máscaras usadas fora do ambiente carnavalesco para aparentar suposta seriedade.
Os santinhos do pau ôco são os piores. Se você brincou seu Carnaval de maneira sadia, estenda sua alegria pelo ano todo e fique de cabeça erguida porque Deus não pune ninguém por ter uma alegria sã.

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