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2/22/2008

Presença de Luiz Lima Barreiros


Hipácia, que mulher !

Alexandria foi a maior cidade do mundo ocidental antigo. Pessoas de todos os países acorriam para lá, para viver, comerciar e aprender. Em quaisquer de seus portos havia um acúmulo de mercadores, estudiosos e turistas.
Era uma cidade onde gregos, árabes, sírios, hebreus, persas , fenícios, núbios, italianos, gauleses e iberos, trocavam mercadorias e idéias.
Foi lá que a palavra COSMOPOLITA cumpriu seu significado real: cidadão não de uma nação,mas do Cosmos. Lá estavam as sementes do mundo moderno.
Neste contexto, vou falar de uma grande mulher. Seu nome é Hipácia, matemática, física, astrônoma, e líder da escola neoplatônica de filosofia, e que foi a última diretora da Biblioteca de Alexandria, a primeira universidade do mundo, quando ela foi destruída , sete séculos depois da sua fundação.
HIPÁCIA, nascida em Alexandria no ano 370, quando a maioria das mulheres eram escravas e tratadas como propriedade. Hipácia intrometeu-se livre e desinteressadamente nos domínios culturais tradicionais. Era muito bela; e teve vários pretendentes.
A cidade de Alexandria estava sob domínio romano, e vivia sob grande tensão. A igreja cristã no início de sua expansão, procurava erradicar o paganismo. E, Hipácia ficou no epicentro dessa questão. Cirilo, bispo patriarca de Alexandria, desprezou-a por causa de sua amizade íntima com o governador romano, e por ser Hipácia, símbolo do saber e da ciência. Ela continuou a ensinar e publicar até o ano de 415, quando foi atacada por uma turba fanática de paroquianos, insuflada por Cirilo. Tiraram-na de sua charrete, rasgaram suas roupas, e armados com conchas, esfolaram-na até os ossos. Seus pertences foram queimados. E, pasmem , Cirilo após sua morte foi canonizado!
Logo após o martírio de Hipácia, o patife de um califa mandou tocar fogo na Biblioteca de Alexandria, com a célebre frase: “Os livros que são contra o Corão devem ser destruídos; e os que são à favor, são desnecessários”.
Por causa destes idiotas, das 123 peças de Sófocles só sete se salvaram. “Édipo Rei” é uma delas.
Relembrando esses fatos, quero prestar minha homenagem à Hipácia, esta primeira grande mártir da cultura !

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Luiz Lima Barreiros

E-mail:
clicluizlima@yahoo.com.br

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