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1/26/2008

José Wilson Malheiros


FEBRE AMARELA

Febre é febre. Não tem cor. Mas, na essência, tanto faz. Verde, azul, vermelho, da cor da camisa do Remo, do Paysandu, da Tuna, do São Raimundo ou do Flamengo essa febre não perdoa. Mata e ainda diz como o exterminador da telinha: “hasta la vista, baby”.
Em 2003 submeti-me a uma intervenção cirúrgica muito delicada em São Paulo.
Precisei de transfusão de sangue. Minha mulher prontificou-se como primeira doadora. Foi barrada. Disseram que por morar no Pará, em “zona de garimpo e febre amarela” não poderia doar.
Ficamos chateados. Belém é região de garimpo? Febre amarela não dá apenas na zona rural?
Bem, pelo menos estes eram os chavões que líamos na imprensa e ouvíamos do pessoal dito especializado.
Afinal de contas, o Pará tem tanta coisa amarela que nos alegra a vida, tucupi, vatapá, ouro e por aí vai.
De volta para casa fui à imprescindível internet e constatei que estamos, mesmo, sujeitos aos caprichos do mosquito famoso.
Mas, como bom brasileiro, só me vacinei agora, quando todo mundo está alarmado.
Presumo que estou imunizado por dez anos e me considero um sujeito de sorte, pois andei trabalhando em diversos locais desta Amazônia maravilhosa e nada peguei. Nem malária, nem hepatite, nem a febre colorida, vedete do momento.
Bem... Dengue não vale contar, já que todo mundo já pegou.
Mas uma coisa que me deixou com a pulga atrás da orelha foi o respeitável Senhor Ministro Temporão chegar na telinha da televisão e dizer para ficarmos calmos, assim e assado, que não precisava tomar a vacina se não moramos ou não viajarmos para áreas de risco etc e tal.
Dias após lá está o doutor Temporão tomando vacina. Todo mundo viu no horário nobre da tevê.
Das duas, uma. Ou estão nos enganando, estão nos mistificando com a velha postura de “não criar pânico”, ou são mentirosos.
Dá perfeitamente para pensar que “eles” se cuidam, enquanto já está faltando vacina e recomendam que fiquemos que nem vaquinha de presépio, aguardando a hora de ir para o matadouro.
Ou para o curro, como se dizia antigamente.
De certa maneira Zé Ramalho tem razão: “vida de gado” é pouca coisa. Vamos acordar, pessoal!


4 comentários:

Anônimo disse...

Realmente alguém está nos enganando. Não vemos grandes movimentações para vacinar a população toda no Pará.
Esse artigo é lúcido.

José WILSON MALHEIROS da Fonseca disse...

Jornalista Feio, você acertou em cheio contratando o Wilson Malheiros. Ele é interessantíssimo no que escreve.
Paula Craveiro - S. Paulo SP (paraense)

Anônimo disse...

FEIO, ME ESQUECI. A DRA CRAVEIRO, MI NHA EX ALUNA MANDO ESSE E MAIL PARA MIM, POR ISSO QUE COLOQUEI NO MEU NOME. QUERES QUE EU TE MANDE O E MAIL?

Anônimo disse...

Ainda sobre as Araras.

É verdade. As duas araras - mãe (professora) e a filha (não sei) circulavam por Belém. Costumava velas na João Alfredo. “Arara e Ararinha” como eram apelidadas. Pura e maldosa gozação. Que deus as tenha no seu zoológico particular. Mas tinha um outro cara, o “Cheira Éter”. Lembra dele?

E tinha mais um outro cara. Como era chamado não sei mais, certo é que depois de apitar toda a vida ficou doido varrido. Aposentado do Detran-PA, mesmo sem farda, apitava e comandava o pouco caótico transito de Belém naquela época (década de 50).

Uma vez quase que o atropelo em frente o edifício Manoel Pinto, pois fiquei indeciso se deveria passar ou parar. Frente a meu jeep gesticulava e apitava como uma locomotiva... O apito caiu e ele saiu desembestado esbravejando pela praça da República e me chamando de doido.

alf ramos

Janeiro 28, 2008 7:37 AM