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1/19/2008

José Wilson Malheiros


ARARAS

Ontem peguei um taxi para ir de São Braz ao Ver-o-Peso.
No caminho o infalível papo do motorista.
A conversa virou para o assunto das araras que foram colocadas nas esquinas – consideradas – mais perigosas da capital.
O taxista era daqueles bem antigos na profissão e lamentava que hoje em dia não se pode mais andar direito nas ruas de Belém.
Buracos, assaltos, camelôs, carros em excesso e agora chegaram as tais araras para chatear os condutores, facilitar para os bandidos e atrasar o trânsito;
Ele ainda me disse que tinha verdadeiro ódio dos motoqueiros, que “vivem cortando pra cima da gente”, sem falar naqueles moleques que ficam fazendo piruetas no sinal, “sem medo algum de serem atropelados. Um absurdo!”
O carro andando, o homem falando e eu só escutando.
Quando estávamos perto da Praça da República, lá veio a receita infalível, que, segundo o chofer (ressuscito agora a palavrinha já esquecida) era a solução definitiva.
-“É... se fosse no tempo do Barata isso aqui funcionava direito. Ele mandava prender todo mundo, botava a polícia em cima desses marginais, desses camelôs e a gente ficava sossegado”.
Tentei argumentar perguntando se o velho Barata, hoje em dia, ia fazer tudo isso e ele, irritado, falou:
- O homem era macho! Resolvia na marra!”
Já viu o trânsito da Índia? Ali ninguém se entende. E Nova Iorque, então, tudo coisa de doido.
Pensei que ele era viajado e perguntei quando tinha estado no exterior.
- No estrangeiro, nunca estive, não. O Brasil é melhor, mas no tempo do baratismo ainda era muito melhor, ainda. Vi tudo pela televisão!”
Resolvi calar a boca. Discutir pra que?
O fato é que a instalação das araras nas ruas de Belém tem causado muita polêmica.
Se ficar o bicho come. Se correr o bicho pega.
Se parar, chega o ladrão. Se passar vem a multa.
Não estou defendendo os inconseqüentes, os bandidos que fazem do carro verdadeiro instrumento homicida.
Mas bem que os setores competentes deviam arrumar uma solução intermediária, que nos livrasse a todos dos assaltos e das multas.
Bem polêmica é a idéia do Sr. Ministro da Justiça que deseja confiscar o veículo do infrator grave.
Sem ser reacionário, em caso de atropelamento, quando o veículo não tiver seguro bem que deveria mesmo ser liminarmente apreendido para cobrir as despesas do atropelamento.
Não existe remédio melhor do que um tiro certeiro no bolso e na conta bancária do infrator contumaz.

JANEIRO/2008

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4 comentários:

Anônimo disse...

OPORTUNÍSSIMO ESSE ARTIGO DO MALHEIROS.
AS ARARAS NOS INFERNIZAM.

Anônimo disse...

Mas não é crime ambiental comercializar araras? Cadê o Ibama...

Anônimo disse...

Ahahahahahah! Pelo que li não são as araras aves nem as famosas araras (mãe e filha) que circulavam por Belém (lembra?), mas o estorvo para os bons motoristas.

Anônimo disse...

Ainda sobre as Araras.

É verdade. As duas araras - mãe (professora) e a filha (não sei) circulavam por Belém. Costumava velas na João Alfredo. “Arara e Ararinha” como eram apelidadas. Pura e maldosa gozação. Que deus as tenha no seu zoológico particular. Mas tinha um outro cara, o “Cheira Éter”. Lembra dele?

E tinha mais um outro cara. Como era chamado não sei mais, certo é que depois de apitar toda a vida ficou doido varrido. Aposentado do Detran-PA, mesmo sem farda, apitava e comandava o pouco caótico transito de Belém naquela época (década de 50).

Uma vez quase que o atropelo em frente o edifício Manoel Pinto, pois fiquei indeciso se deveria passar ou parar. Frente a meu jeep gesticulava e apitava como uma locomotiva... O apito caiu e ele saiu desembestado esbravejando pela praça da República e me chamando de doido.