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11/07/2007

Prof. Raymundo Dias - Uma história 100% paraense


Nossos parabéns ao filho, irmão, esposo, pai, avô, bisavô, amigo e herói que hoje completa 86 anos e inicia seus oitenta e sete.
Filho de caboclos naturais da ilha do Mosqueiro, e que posteriormente, imigraram a Belém, conseguindo fazer vida como açougueiros, “seu Dias”, como é conhecido, foi educado por um médico nos anos entre as décadas 20 e 30.
O profissional de saúde, que também era pianista, o ensinou a ter uma boa postura em sociedade (etiquetas) e também, a cantar; despertando no então garoto, seu talento musical. Desde lá, a música passou a ser uma constante em sua vida.
Ingressou no antigo Instituto Lauro Sodré (que tinha regime de internato à época) e ali se desenvolveu como atleta e integrante da banda musical da escola ,tocando trombone de vara.
Já como soldado do exército, não chegou a ir p/a segunda guerra devido à sua estatura, pois à época, havia seleção. Só os mais altos era quem iam. Ainda bem! Assim, ele conseguiu escapar do pior, quem sabe?!.....Mas, mesmo em quartel local, esteve sob duro treinamento com "bala real". Ele conta que certa feita, livrou-se de morrer junto com outros companheiros, quando por experiência, perceberam uma 'voz de comando errada' da parte de um sargento que os mandava levantar enquanto uma metralhadora antiaérea varria o terreno com centenas de tiros. Posteriormente, aquele sargento foi chamado de recruta por um capitão que assistia ao treinamento.
Mesmo sendo de pele mais escura, Raymundo Dias sempre gostou de trajar-se como todo um Gentleman. Nas festas, chamava atencão, com seus ternos de casemira branca.
Como excelente bailarino (chegou a ser conhecido como pé-de-valsa), encantava as damas presentes nos salões de bailes, onde conheceu a dona Bib i (de família de ascendência judáica-portuguesa), a mais bela da Travessa Estrela, no bairro da Pedreira, em Belém.
D. Bibi era chamada de "a estrela da estrela"; que, com seus olhos claros, cabelos longos e pele fina e branca, enamorou, mesmo sem querer, a muitos. Entre tantos, alguns cidadãos portugueses que destacaram-se no comércio e industria; Além de alguns oficiais de Marinha de alta patente.
Mas...o amor tem diferentes caminhos...
Ela acabou por aceitar o Raymundo Dias (mesmo a contra-gosto de todos os que se opunham) e com ele, viveu mais de cinqüenta anos, gerando oito filhos e filhas, netos e bisnetos e tataranetos.Todos, homes e mulheres de bem, profissionais honestos e trabalhadores.
Com o falecimento de D. Bibi (Z'L'), Raymundo entristeceu-se um pouco e já não brinca como antes.
Casou-se outra vez e continua sendo um incentivador da vida, com suas histórias e aconselhamento aos jovens.
Em sua humildade, aceita como apenas uma brincadeira e até sorri junto àqueles jovens-amigos irreverentes, que dizem que o contraste da pele morena e suas cãs...se parece ao 'sorvete de açaí com cobertura de côco'.
Este ano,” seu Dias” assustou a todos com um princípio de enfarto....mas nada que seu vigor físico não suportasse.
Após o susto, já retornou às suas sessões de hidroginástica e suas caminhadas de todas as manhãs. Ele gosta de andar muito. É seu principal exercício.
“Seu Raymundo” nunca quis ter automóvel. Mesmo em seus áureos tempos de comerciante (farmácia), somente um chauffeur vinha buscá-lo de volta à casa. Já em casa, ouvindo o jogo de futebol num radinho de pilhas, conferia a renda do dia e fazia suas anotações.
Raymundo Dias já ajudou muita gente, assim como também já foi ajudado. Amigos, que conserva até hoje. Afinal de contas, sustentar uma família nesse Brasil de tantos santos, não é tarefa fácil.
Ele sempre ensinou aos filhos que: “`As vezes, nessa vida de trabalhador brasileiro, é necessário engolir muitos desgostos e insultos, a fim de trazer o pão pra mesa no fim da tarde".
Raymundo Dias....um guerreiro de fé que não 'se mixa' por pouco.
É ele, que nem um passarinho...canta e canta....mesmo quando a situação aparentemente está difícil.
Foi o professor-fundador da Escola Adventista de Icoaracy, onde viveu largos anos.
Canta até hoje com o grupo Irmãos do Rei (primeiro quarteto vocal da Amazônia).
Fundou o conjunto Flores da Primavera e, posteriormente o cora Vozes de Sião ,que, esteve sob sua maestria há mais de trinta anos e inspirou outros grupos-corais de várias igrejas, entidades e empresas do Pará.
Foi o criador da Festa do Abacaxi, ainda comemorada a cada ano naVila Sorriso, atraindo centenas de pessoas.
Enfim...esse homem simples e que não toma menos que meio litro de açaí para não sujar os dentes com tão pouco, tem mesmo, a fibra dos grandes paraenses. Daqueles que honram esta terra abençoada por todas as estrelas de sua bandeira.
Hoje O Pará está de parabéns, pois o Senhor Professor Raymundo Dias está de aniversário.
Parabéns “ seu” Dias!

Esta é uma história verídica e 100% paraense.

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